terça-feira, 10 de agosto de 2010

O problema da droga

A guerrilha conseguiu desenvolver, agora, uma base substancial em grande parte da população, a tal ponto que o governo cedeu, basicamente, uma parte do país à guerrilha, que nunca esteve integrada na Colômbia. Nessas regiões, os camponeses foram obrigados à produção de coca; não porque alguém lhes tenha apontado uma pistola à cabeça, mas pelo simples motivo de que não há outra forma de sobreviver.
Desde os anos 50 este problema existe. A Colômbia tinha uma produção de trigo que foi orientada para agro-exportações subsidiadas pelos EUA, sob a fachada dos "alimentos por paz" (Food for Peace). Nos anos 60, o Movimento dos Não-Alinhados (grupo dos 77) e a UNCTAD( United Nations Conference on Trade and Development) impulsionaram a ideia criar um marco de referência para uma nova ordem económica internacional, que beneficiaria a produção dos camponeses pobres.
A proposta da UNCTAD de estabilização dos preços, que está os de acordo com o que sucede nos países industriais ricos, como EUA ou a União Europeia(França, Alemanha, Espanha, Portugal, Itália, Holanda, entre outros), que estabilizam constantemente os preços internos, não foi permitida ao Terceiro Mundo(Brasil, Espanha, Portugal, entre outros): foi bloqueada. Um dos efeitos foi que a pequena produção agrícola se tornou inviável e, entre esta, a do café.

O Plano Colômbia
"O plano actual consiste em aumentar isto de forma muito significativa, dando aos militares 1 600 milhões de dólares. O pretexto é a guerra contra as drogas, mas é difícil encontrar um analista que leve esse pretexto muito a sério. Os paramilitares, da mesma forma que os militares, estão metidos até aos narizes no narcotráfico e a guerra não se dirige contra eles.
"A guerra é dirigida contra comunidades campesinas que se tornaram parte das regiões dominadas pelas Fuerzas Armadas Revolucionárias de Colombia (FARC). As FARC criam impostos sobre o narcotráfico, mas dizem que gostariam de ver implementado um programa com culturas alternativas; têm, de facto, um programa social deste tipo.
"Recentemente, líderes governamentais e das FARC foram à Europa. Aqui, nos EUA, isto foi apresentado no sentido de que as FARC tinham que ser civilizadas e tinham que presenciar como funcionam os países civilizados. Não foi isto, exactamente, o que se passou. O que se passou é que o governo colombiano e o estado-unidense, mostraram que têm que ser civilizados para entender como é que as democracias sociais funcionam. Isto eu não sei se aconteceu, mas se tiver acontecido, será um passo em frente para a Colômbia e para os EUA, no sentido da implementação de políticas económicas e sociais mais construtivas.

http://www.nodo50.org/insurgentes/textos/chomsky/06planocolombia.htm

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